Um ano após início da imunização na Bahia, infectologista avalia mudança no comportamento da Covid-19: ‘Graças à vacina’.

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vacinação contra a Covid-19 completa um ano na Bahia, nesta quarta-feira (19). Um ano em que os casos graves da doença e o número de óbitos em decorrência dela diminuem progressivamente, mesmo com o novo período de alta dos registros no estado.

g1 conversou com a médica infectologista Ceuci Nunes, diretora-geral do Instituto Couto Maia – unidade referência no tratamento de doenças infectocontagiosas no Brasil –, que ofereceu um novo panorama para o coronavírus. Para ela, a imunização é um grande passo para preservar vidas.

“O impacto da vacinação é total. Assim que a gente começou a vacinar os mais velhos, como começamos aqui com os idosos, a gente de imediato começou a ver uma queda dos internamentos de pessoas nessa faixa etária, avaliou ela”.

“A pandemia, do ponto de vista de casos graves e de óbitos, está muito diferente. E essa grande modificação é graças à vacina”.

 

Indígena Deisiane Tuxá, que também é enfermeira, foi uma das primeiras vacinadas contra a Covid-19, em Salvador — Foto: Itana Alencar/G1 Bahia
Indígena Deisiane Tuxá, que também é enfermeira, foi uma das primeiras vacinadas contra a Covid-19, em Salvador

A mesma análise é feita pela secretária de Saúde da Bahia, Tereza Paim. Ela, que também é médica, faz uma comparação sobre a diminuição de internados – mesmo com a população relaxando nas medidas de prevenção do vírus, nos últimos meses.

“Um ano de uma história que a gente fez mudar um panorama. O vírus não saiu, ele continua se espalhando, continua gerando novas cepas, tentando vencer. Mas, desde aquelas quatro primeiras pessoas que foram vacinadas, até o momento, a gente tem visto que, a despeito do espalhamento do vírus, a despeito das pessoas estarem cansadas das máscaras e tentarem aglomerar, o número de internações de UTI pela causa Covid, ela hoje só é mais importante para quem não foi vacinado.

“A gente só reitera que essa mudança de comportamento definitiva precisa acontecer, e que pessoas vacinadas sim, têm mais defesa contra o vírus. E isso é uma mudança muito drástica. Se a gente equiparar as escalas de internados antes e depois, ela realmente é visível, não tem o que ter discussão”.

Os quatro primeiros vacinados citados por Tereza são: a enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, a idosa Lícia Pereira Santos, a indígena e também enfermeira Deisiane Tuxá e o médico Uenderson Barbosa.

Médico do Samu foi um dos primeiros vacinados contra a Covid-19, em Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia

Médico do Samu foi um dos primeiros vacinados contra a Covid-19, em Salvador

Maria Angélica trabalha na linha de frente da doença, no Instituto Couto Maia. Depois de vacinada, ela chegou a contrair a Covid-19 três dias antes de tomar a segunda dose. Já nesse período, mesmo ainda produzindo os atincorpos, a vacinação foi fundamental para que ela não tivesse estado de saúde grave.

“Hoje faz um ano e graças a Deus eu estou bem. Estou muito feliz, porque estou vendo a população tendo a mesma oportunidade que eu tive, e também a redução do número de internamentos por Covid grave. Isso criou uma grande expectativa de vida, uma esperança para toda a população do mundo todo. Quando eu me vacinei, eu me senti muito honrada, uma responsabilidade muito grande, uma bênção de Deus”, disse Maria Angélica.

“Eu acho que a população deveria colaborar mais um pouco, mantendo os cuidados necessários para reduzir a proliferação da nova variante. Usar as máscaras de forma correta, higienização das mãos e, principalmente, evitar aglomerações”.

 

Idosa de 83 anos também foi uma das primeiras vacinadas contra a Covid-19, em Salvador — Foto: Itana Alencar/TV Bahia
Idosa de 83 anos também foi uma das primeiras vacinadas contra a Covid-19, em Salvador

A enfermeira precisou se recuperar da doença, para tomar a segunda dose – como é indicado para todas as pessoas. Agora, ela já está com o ciclo vacinal completo, incluindo também a dose de reforço. O médico Uenderson, que também já tomou três doses de vacina, relatou ficar emocionado ao rever as imagens da vacinação.

“Um ano depois e, todas as vezes que a gente vê as imagens de quando a gente estava no momento da vacinação, é uma emoção. Aquele momento vem à tona. Fica sempre marcado”, falou ele.

 

Casos ativos

 

A Bahia chegou a 10.980 casos ativos da Covid-19 na terça-feira (18) – um patamar que era registrado no primeiro semestre de 2021. Com essa média de casos ativos, em janeiro do ano passado, por exemplo, só em um dia foram registradas 10.021 mil mortes causadas pela Covid-19.

No boletim da terça-feira, 23 mortes foram contabilizadas. Ceuci analisa que o país, e consequentemente a Bahia, vivem uma nova onda de casos de coronavírus, só que agora de uma forma diferente, graças a imunização.

“Com certeza é uma onda nova, a que vivemos. A ômicron chegou no Brasil e encontrou a população mais vulnerável vacinada. Muitas pessoas que fazem parte do público mais vulnerável, como os idosos, os imunossuprimidos, já estão com a terceira dose, e também tem muita gente com a segunda dose recente. E tendo sido recente é fundamental, porque os anticorpos que são produzidos vão caindo com o tempo”.

A infectologista também considera que esse rápido crescimento pode refletir uma rápida queda – como está sendo observado no exterior – se a ômicron seguir a mesma tendência por aqui.

“A gente já está vendo alguns sinais de redução. Como nos outros países, a gente sabe que a ômicron gera um pico muito rápido, um aumento muito grande dos casos e tem queda rápida também. É um crescimento exponencial, mas que também diminui muito rápido”, pondera.

“A nossa expectativa é de que aconteça algo semelhante no Brasil, porque quanto mais ela se espalha, mais ela pode chegar em pessoas que ainda não produziu efeito suficiente de anticorpos da vacina”.

Para continuar protegendo as pessoas e evitando casos graves e a morte por Covid-19, a receita da infectologista é uma só: seguir vacinando.

“A gente sabe que a primeira dose protege um pouco e a segunda dose aumenta a proteção. E a gente sabe também que, no caso da ômicron, a terceira dose é fundamental. Eu nunca vi tanta gente contaminada com a Covid, mas em casos leves. Casos que parecem mesmo uma síndrome gripal”.