Mulher que perdeu bebê após ser baleada pelo marido segue internada em Salvador; investigado aguarda vaga em presídio.

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A mulher que perdeu o bebê após ser baleada pelo marido no bairro de Itapuã, em Salvador, segue internada no Hospital Geral Roberto Santos, nesta segunda-feira (7). O crime aconteceu no dia 2 de março e o investigado está na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), onde aguarda uma vaga para ser transferido para o presídio.

g1 conversou com Indiana Alves, irmã de Ivana Oliveira, 39 anos. Ela contou que a vítima teve alta da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas segue aguardando um leito para ser transferida para a enfermaria.

“O quadro de saúde dela é delicado porque os médicos têm receio de algum ponto romper. Ela precisa ficar no hospital para ter um atendimento direto e não tem previsão de quando vai sair”, explicou a irmã de Ivana.

Ivana estava no quarto mês de gestação. Ela foi baleada no abdômen por Rafael Lopes Pepe, 34 anos. Na tarde da quinta-feira (3), foi confirmado que o bebê não havia resistido ao ataque a tiro.

Na última sexta-feira (4), Indiana detalhou que o tiro havia atingido a vítima no estômago, e que uma parte do intestino dela teve que ser removida. Por causa dos ferimentos internos, Ivana teve muitas suturas. No mesmo dia, a Justiça decidiu converter a prisão de Rafael de flagrante para preventiva.

Versões do caso

 

Homem foi preso em flagrante após atirar na esposa grávida — Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

O tiro teria sido disparado em um suposto ataque à mãe de Rafael, Eliene Valente. Em depoimento à polícia, ela contou que notou alterações no comportamento do filho, ainda no dia 2. Depois de aferir a pressão arterial dele, que estava elevada, ela sugeriu que ele procurasse atendimento médico de urgência.

Após essa conversa, o suspeito começou a agredir a mãe com socos e tapas. Eliene disse que Ivana tentou defendê-la e que, transtornado, Rafael pegou uma arma e atirou. Eliene disse que se trancou no banheiro para não ser baleada. A vítima foi socorrida por vizinhos.

Ivana deu detalhes a Indiana sobre o que aconteceu momentos antes de Rafael disparar contra ela.

“A mãe se escondeu no banheiro e ela [Ivana] tentou fugir quando viu ele pegando a arma. Ele foi atrás quando a viu indo em direção ao portão. Em momento algum ela se jogou na frente da mãe dele para protegê-la. Ele foi atrás mandando ela voltar para o apartamento. Ela disse que não ia voltar e fechou o portão. Quando fechou o portão, recebeu o disparo. Antes de fugir, ele ainda tentou arrastar ela para dentro do apartamento”, contou.

Exibição de arma

 

Arma apreendida com suspeito de atirar na esposa grávida, em Itapuã — Foto: Divulgação/Polícia Militar

A irmã da vítima disse ainda que nunca presenciou discussões entre o casal, mas afirmou que Rafael era psicologicamente instável e que chegou a se exibir com uma arma na frente da família dela, durante um dos aniversários de Ivana.

“Ela nunca foi de falar muito sobre a relação. Sempre foi muito conservadora [reservada], não falava. Porém, a família nunca foi muito com a cara dele. Ele sempre foi muito fechado, não demonstrava ser normal, psicologicamente. Uma pessoa que está no aniversário da esposa, com a família dela, com crianças, ficar armado, mostrar que está armado, não é uma pessoa sadia. Uma pessoa normal não ia fazer isso”.

“No aniversário dela ele estava se amostrando, tirou a arma. Com um monte de sobrinho dela, meus filhos pequenos, todos lá. Isso não é uma coisa de uma pessoa normal fazer”.

Durante o relacionamento do casal, a mudança de postura da vítima foi sentida pela família. Ivana mudou o comportamento, parou de postar nas redes sociais e se afastou de amigos e parentes.

“Ela simplesmente se isolou do mundo, se afastou de todos. Ela nunca foi assim, sempre foi uma pessoa de postar muitas fotos nas redes sociais, sempre foi muito alegre, cheia de vida. Parece que apagou a estrela dela”.

A mãe de Rafael chegou a relatar que ele estava em surto por ter tomado muitos ansiolíticos após passar um longo período sem usar as medicações. Para Indiana, a situação é injustificável.

“Ivana disse que ele tomou uma dosagem grande do remédio e aí surtou de vez. Isso não justifica o que ele fez. Ele não atirou por acidente, atirou porque quis. Mirou e atirou”, completou.

G1 BA