Falta de segurança: recenseadores do IBGE na Bahia relatam assaltos e reclamam das condições de trabalho

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Os recenseadores contratados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para fazer o Censo na Bahia relataram assaltos a mão armada durante o trabalho e reclamam das condições de trabalho.

 

A falta de segurança não é a única reclamação dos recenseadores. Alguns deles dizem ainda que os pagamentos estão atrasados e já abandonaram o serviço. Segundo o IBGE, as desistências estão dentro do esperado.

A recenseadora Patrícia Almeida foi abordada por dois homens armados, que chegaram em uma motocicleta, no bairro de Alto de Coutos, no subúrbio de Salvador. Ela conta que os dois foram bastante agressivos durante o assalto.

“Eles me xingaram bastante e pediram o celular. Eu entreguei a máquina do trabalho, mas eles disseram que não queriam e me pediram o meu particular”, afirmou.

“Depois eles mandaram eu sair da rua por um beco bem estranho”, relatou a recenseadora.

Já o recenseador Edson Santos foi assaltado quando encerrava o trabalho. Ainda fardado, foi abordado por criminosos.

“Levou meu aparelho BMC, que é o paralelo de coleta de dados do IBGE. Acaba que a gente fica desanimado com um trabalho que é tão importante”, disse o recenseador.

 

Recenseadores do IBGE para fazer Censo na Bahia relatam assaltos durante trabalho e reclamam das condições de trabalho — Foto: Reprodução/TV Bahia

Os trabalhadores começaram a pesquisa no dia 1° de agosto e devem visitar todos os domicílios do estado.

“Com risco de ser assaltada, porque a gente fica na rua com o aparelho na mão”, contou a recenseadora Amanda Castro.

A falta dos auxílios para transporte e alimentação também fazem parte das queixas da categoria.

“Pensando que a passagem de ônibus em Salvador está em R$ 4,90, gastamos quase R$ 10 por dia e em uma semana é um valor exorbitante”, contou a recenseadora Luire Campello.

Segundo o IBGE, os recenseadores não são trabalhadores mensalistas e os ganhos são por produtividade. Já os trabalhadores dizem que as metas são difíceis de serem alcançadas.

“Quando a pessoa recusa, a gente tem que retornar quatro vezes”, explicou Luire Campello.

Dificuldades

No site do instituto é possível simular o valor do rendimento. Um recenseador que trabalha 30 horas por semana em Salvador, tem uma remuneração semanal estimada em R$ 365. Em quatro semanas, o valor pode passar de R$ 1.400.

“Quando as pessoas conseguem concluir os setores, muitas delas recebem muito menos, até metade do que foi estipulado para a gente”, afirmou a recenseadora Luire Campello.

A recenseadora contou ainda que em quase um mês de trabalho, ainda não recebeu pagamento.

Todos os dias, cerca de 12 mil recenseadores entrevistam moradores de cidades baianas. De acordo com eles, o problema é que as condições de trabalho têm levado uma parte desses trabalhadores a abandonar o serviço.

Conforme o IBGE, 614 foram desligados em menos de um mês. Apenas 16 saíram por decisão do órgão.

Em Feira de Santana, do início do censo até agora, 20 dos 530 recenseadores que atuam na segunda maior cidade do estado pediram desligamento.

“Não sabemos uma tabela de quanto é, então estamos trabalhando no escuro, sem saber quando vamos receber no final”, David Amorim.

Nesse áudio, um recenseador de Feira de Santana conta que foi mal recebido por um morador.

“Falou bem assim: ‘Eu sei que você é funcionário também, mas é um funcionário momentâneo do IBGE. Eu não, eu já sou funcionário público de um órgão público efetivo. E disse: ‘Eu não vou responder esse questionário’. Eu mês senti humilhado”.

Na Bahia, a maior parte dos recenseadores tem até 24 anos de idade. São três em cada 10 dos classificados (31,6%). Mais da metade tem até 30 anos (54,1%). Só 1,5% dos treinados na Bahia são idosos.

Por nota, a Direção Nacional do IBGE informou que reconhece o papel dos recenseadores e dos outros servidores temporários. Disse também que a maioria dos pagamentos já foi regularizada e que demandas residuais estão sendo resolvidas caso a caso.

Já o superintendente do IBGE na Bahia, André Urpia, disse que o índice de desistência está dentro do aceitável que é de 10% e que o instituto convoca novos recenseadores para que o trabalho não seja prejudicado.

Sobre a insegurança, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informou que orienta os servidores a não se expor a situações de risco e quando necessário buscar suporte dos supervisores. Já sobre as metas, o IBGE disse que para o Censo, todos os domicílios da Bahia precisam ser visitados.

G1  BA