‘Avenida aérea’: drones transportam material biológico em Salvador com três pontos de pouso e decolagem

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Uma rede mineira de laboratórios com atuação em todo Brasil, chamada Grupo Pardini, transporta material biológico através de drones em Salvador. A “avenida aérea” conta com três pontos de pouso e decolagem.

Em cada dia de teste da rota experimental, são recolhidas amostras de pacientes de quatro laboratórios e um hospital da capital baiana. O drone decola de uma região próxima do Mercado do Peixe, no bairro do Rio Vermelho, já com algumas amostras.

Durante o percurso do voo é realizado o primeiro pouso no bairro Jardim dos Namorados, para receber novas amostras. Na sequência, o drone se desloca para seu ponto final, a praia de Jaguaribe, onde o material segue por terra, para a cidade Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.

A empresa estima que o percurso realizado por drone deve economizar cerca de 30 minutos e percorre oito quilômetros a menos, comparado com o mesmo trajeto realizado por um veículo terrestre.

Drones transportam material biológico em Salvador com três pontos de pouso e decolagem — Foto: Reprodução/TV Bahia

Drones transportam material biológico em Salvador com três pontos de pouso e decolagem — Foto: Reprodução/TV Bahia

É a maior rota já realizada pela empresa pioneira em desenvolver e operar sistemas aéreos não tripulados no Brasil, com a Aeronave DLV-2, certificada e homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Esta aeronave tem capacidade para transportar até 5,8 quilos e pode voar a uma distância de até 15 km do ponto de decolagem.

O novo trajeto foi desenvolvido pela Speedbird Aero exclusivamente para as necessidades do grupo Pardini, considerando tanto a importância da agilidade no processamento de exames e entrega de resultados, quanto a mobilidade de acesso a locais mais remotos em diferentes regiões. A rota é temporária, mas pode se tornar um trajeto fixo do grupo Pardini a depender dos resultados dos voos experimentais que servirão para estudo de viabilidade logística e financeira.

Com o avanço da logística aérea não tripulada, a expectativa é que já nos próximos dois anos aconteçam voos entre os locais de coleta ate o destino final, o Aeroporto de Salvador, sem escalas, o que trará ainda melhores resultados e viabilidade econômica.

De Salvador, as amostras seguem por avião comercial para o Núcleo Técnico Operacional do grupo Pardini (NTO), em Minas Gerais, local em que a rede de laboratórios recebe e processa cerca de 300 mil amostras por dia, de todas as regiões do país.

São materiais para análises clínicas, genética molecular, testes oncológicos de alta complexidade, medicina nuclear, medicina personalizada e patologia cirúrgica. Essas coletas chegam de cerca de sete mil laboratórios, clínicas e hospitais em mais duas mil cidades do país, além de mais de 180 unidades próprias.

Drones transportam material biológico em Salvador com três pontos de pouso e decolagem — Foto: Reprodução/TV Bahia

Drones transportam material biológico em Salvador com três pontos de pouso e decolagem — Foto: Reprodução/TV Bahia

Diariamente, são mais de 92 mil quilômetros percorridos em 396 rotas terrestres, sem contar o suporte aéreo e fluvial para atender todas essas localidades.

A Rede de Medicina Diagnóstica foi a primeira a iniciar testes para realizar coletas e entregas de exames laboratoriais por meio de drones no Brasil. O projeto está em execução há três anos, em fase de aprovação final pela Anac.

Os aprendizados em cada voo teste e a nova rota experimental devem contribuir para a definição de regras e desenvolvimento de protocolos de segurança.

Agora, o Pardini e a Speedbird estão em fase de teste de campo para obtenção de uma nova certificação, o Certificado de Aeronavegabilidade Especial (Caer) para Aeronave Remotamente Pilotada (ARP). Este documento é necessário para que as aeronaves possam realizar voos além da linha de visão até 120 metros em relação ao nível do solo, automatizados, monitorados pelo operador.

A autorização de projeto Anac certifica um modelo, enquanto o Caer autoriza cada unidade específica desse modelo a voar no Brasil. Este é um passo importante para a consolidação do setor de drones de logística, habilitando aeronaves não tripuladas com projeto autorizados a executar rotas de maior extensão com segurança e viabilidade econômica.

Desde o início do projeto, foram realizados voos de teste em quatro outras cidades: Aracaju (SE)Belo Horizonte (MG)Itajaí (SC), e São Sebastião (SP) com a aeronave DLV2, explorando diferentes tipos de desafios geográficos, e de logística.

Todos os testes servem também para validação de rotas, para substanciar logs de voos, nos relatórios exigidos pela Anac.

Após a emissão do Caer, segue-se o caminho já mapeado, como solicitar o voo junto ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e alinhar a necessidade de validação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), bem como vigilâncias sanitárias estaduais e municipais sobre os materiais transportados.

A empresa obteve a primeira autorização para transportes (delivery) utilizando drone no Brasil (uma das primeiras autorizações de projeto do mundo neste âmbito), e vem ultrapassando barreiras com aeronaves não tripuladas efetuando várias entregas pioneiras em solo brasileiro.

Com o Caer, além da conquista para rota BVLOS comercial com o DLV-2, a empresa vai encarar um próximo desafio: conseguir junto à Anvisa a autorização para transportar outras categorias de materiais biológicos como, por exemplo, amostras em tubos de sangue, urina, líquidos corporais e outros, para teste rotineiros de triagem laboratorial, classificados mundialmente como UN3373.

G1 BA