Sete famílias são desalojadas após desabamento de imóveis causado por obras em colégio em Salvador; há risco de novas quedas.
Sete famílias ficaram desalojadas depois que pelo menos três imóveis desabaram e precisaram ser demolidos no bairro de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, na manhã desta sexta-feira (27), por causa de uma obra no Colégio Estadual Democrático Bertholdo Cirilo dos Reis. Outros quatro imóveis estão com risco de queda e são avaliados pela Defesa Civil da cidade (Codesal).
O órgão municipal informou que notificou a Secretaria Estadual de Educação (SEC) para que tome as providências necessárias e faça o acompanhamento social das famílias que tiveram as casas atingidas. Ninguém ficou ferido no acidente.
A prefeitura disse ainda que acolheu as sete famílias que perderam as casas e encaminhou as pessoas para o atendimento até que a SEC promova a reparação dos danos sofridos.
Durante a manhã, a pasta informou que uma equipe foi até o local para realizar uma vistoria e fazer a avaliação da situação. O órgão informou que uma equipe de engenharia acompanha o caso e aguarda o laudo que irá apontar as causas do desabamento.
Moradores disseram que técnicos da Codesal estiveram no local na quinta-feira durante o dia e informou que algumas casas não corriam risco de desabar. O dono de um dos imóveis, identificado como Kevin, disse que não confiou na informação dos engenheiros e decidiu abandonar a residência. Durante a madrugada, a casa desabou.
“Tudo isso por conta de uma obra irregular no colégio. Tem uns três meses que acontece e há um mês e meio, ficou parada. O solo aqui é minadouro. Eles cavaram e houve a erosão do solo. O muro está cedendo e está levando nossas casas junto”, disse o homem.
O g1 entrou em contato com a Secretaria da Educação, para ter mais detalhes sobre as providências que serão adotadas e sobre a obra realizada no colégio, e aguarda um posicionamento.
Riscos de novos desabamentos
O engenheiro da Codesal, José Carlos Palma, explicou que o acidente foi provocado por uma escavação feita para uma obra de cobertura na quadra do colégio. De acordo com ele, o solo da região é expansivo e o acúmulo de água no local pode gerar outros desabamentos.
“Houve uma escavação feita por uma empreiteira do governo do estado para a cobertura de uma quadra. Por se tratar de um terreno de massapê e devido ao índice pluviométrico muito alto, isso provocou ou contribuiu para que em diversas casas – três já desabaram e outras quatro em condições de risco – ocorresse o sinistro”, disse.
Palma reafirmou que a Codesal entregou a notificação ao diretor da escola, para que encaminhasse o documento à Secretaria da Educação, responsável pela demolição dos imóveis que foram parcialmente danfiicados. Segundo ele, o órgão vai prosseguir as vistorias e avaliar se será necessário fazer outras intervenções.
“Com a quantidade de água que está saturando o solo, pode ser que venham ocorrer novos desabamentos. Isso aí estamos monitorando e, após a demolição dos que desabaram parcialmente, vamos fazer uma nova avaliação para verificar se é necessário fazer outras demolições”.
Desabamento na madrugada
Os imóveis desabaram durante a madrugada desta sexta-feira (27). Os moradores disseram que os problemas foram causados por uma obra na quadra do Colégio Estadual Bertholdo Cirilo dos Santos, na rua ao lado, o que foi confirmado pela Defesa Civil.
As pessoas afirmaram que a estrutura das casas começou a estalar na tarde de quinta-feira. O dono de uma da casas atingidas, identificado como Sérgio, informou que a situação já havia sido comunicada à Codesal e disse que tirou alguns objetos do imóvel quando percebeu a situação.
“A gente saiu por volta de umas 17h, quando conseguiu tirar algumas coisas. Já estavam estalando a casa toda. Foi Deus mesmo que mandou a gente sair na hora certa. Tanto a minha casa, em cima, quanto a do meu cunhado embaixo”, disse o homem.
“A gente foi lá na Codesal e um engenheiro veio aqui. Quando ele chegou, disse que era para sairmos logo, anteontem. Ontem fomos na Codesal e eles [os técnicos] disseram para não ficarmos aqui”.
Equipes da Codesal e da Secretaria da Educação foram até o local na manhã desta sexta para vistoriar a ocorrência e avaliar as providências que serão adotadas para acolher as famílias que perderam os imóveis atingidos.
G1 BA