Professores de Feira de Santana seguem com ocupação na prefeitura e recebem comida com auxílio de balde preso em corda

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Os professores da rede municipal de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, seguem com a ocupação no prédio da prefeitura, na manhã desta sexta-feira (1º). Os educadores têm recebido comida e água com o auxílio de um balde preso em uma corda de maneira improvisada.

A categoria decretou greve, na quinta-feira (31), por tempo indeterminado. Entre as reivindicações, os professores pedem reajuste salarial, pagamento integral do salário, licença prêmio, melhores condições de trabalho, mais contratação de professores e merenda escolar.

Professores de Feira de Santana seguem com ocupação na prefeitura e recebem comida com auxílio de balde preso em corda — Foto: Reprodução/TV Bahia
Professores de Feira de Santana seguem com ocupação na prefeitura e recebem comida com auxílio de balde preso em corda

Nesta sexta, estudantes foram para a frente da prefeitura para apoiar o movimento dos professores. Eles seguram cartazes com frases como: “quanta humilhação para ser um professor” e “enfim a ditadura”.

Nesta sexta, alunos foram para a frente da prefeitura para apoiar a greve dos professores. — Foto: Divulgação/APB Feira
Nesta sexta, alunos foram para a frente da prefeitura para apoiar a greve dos professores.

 

Na noite de quinta-feira, alguns professores foram expulsos do local por guardas municipais. Imagens publicadas nas redes sociais mostram que os agentes chegaram com extintores.

Nas imagens, professores descem as escadas sob xingamentos dos agentes municipais. É possível ver muitas cadeiras espalhadas no local. Apesar da situação, alguns professores conseguiram ficar no local.

Outro vídeo, gravado no final da manhã de quinta, mostra o momento em que guardas municipais usaram spray de pimenta para evitar que professores e vereadores entrassem no local.

Professores da rede municipal de Feira de Santana decretam greve por tempo indeterminado — Foto: Jorge Magalhães
Professores da rede municipal de Feira de Santana decretam greve por tempo indeterminado

Os professores se reuniram na frente da Câmara de Vereadores e se deslocaram até a sede da prefeitura da cidade, com o desejo de negociar as pautas com o prefeito Colbert Martins.

Os professores contaram que não foram atendidos pelo gestor e afirmam que houve violência por parte de guardas municipais. Na quinta-feira, uma professora precisou ser atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada para um hospital, por causa da emissão de gás de pimenta. Ela passa bem e voltou para a manifestação nesta sexta.

O que diz a prefeitura?

 

De acordo com a prefeitura de Feira de Santana, as atividades foram suspensas nesta sexta-feira e o local foi interditado para perícia, porque portas foram quebradas e estilhaços de vidro ficaram espalhados por toda a parte.

 Atividades foram suspensas nesta sexta-feira (1º) na prefeitura de Feira de Santana — Foto: Divulgação/Prefeitura de Feira de Santana
Atividades foram suspensas nesta sexta-feira (1º) na prefeitura de Feira de Santana

 

Ainda na quinta-feira, o prefeito da cidade Colbert Martins informou que a gestão municipal dialoga com os professores através da Secretaria de Educação e tem ouvido as pautas e demandas da categoria.

De acordo com Colbert Martins, nenhum professor da rede municipal de ensino vai receber menos que o piso salarial pago pelo dinheiro do Fundeb.

“A greve é sempre um instrumento legal da classe trabalhadora, mas entendemos que esse é um mecanismo que só deve ser utilizado quando não existe um diálogo e a busca pelo entendimento. Esta não é a realidade em Feira, onde estamos em busca da solução”, afirmou.

O prefeito disse que uma greve nesse momento prejudica o diálogo e as crianças que acabaram de retornar às aulas presenciais e ao ano letivo.

Sobre os vídeos que mostram agressões de guardas municipais, Colbert Martins informou que não compactua com a violência e afirmou ainda que as imagens criaram “um clima de terror e caos”, que não faz parte da maneira que a prefeitura conduz o processo.

Colbert afirmou ainda que os casos representam situações isoladas, que a gestão municipal combate “veementemente”.

Em nota, a Prefeitura de Feira de Santana informou que foi surpreendida com a manifestação, na qual chamou de “político-partidária”, com professores ligados à APLB, o presidente da Câmara Municipal, Fernando Torres, vestido com uma camisa de dois partidos, o vice-presidente da Câmara Municipal, Silvio Dias, o vereador Jonathas Monteiro, e outros da oposição.

Horas antes a prefeitura informou que os manifestantes estavam com “ânimos exaltados” e a Guarda Municipal agiu “dentro do necessário para exclusivamente defender o patrimônio público, até porque o prédio é tombado como patrimônio histórico e cultural”.

O órgão afirmou também que outros tiveram que ficar recolhidos no prédio, por estarem temerosos em sofrer um ato de violência. Uma funcionária desmaiou e ambulâncias do Samu foram acionadas por servidores.

A Prefeitura informou ainda que na noite de quarta-feira (30), fez uma reunião de negociação com os professores e garantiu o pagamento do piso salarial Nacional.

No entanto, a categoria afirmou que o órgão não apresentou proposta para ela.

“A proposta não foi descrita, não estava documentada, ela relatou que a proposta do governo era repassar o reajuste linear para o funcionalismo público, ou seja, e a possibilidade de reajustar para os professores que estão na categoria A, na base A, só que não contempla todos os professores”, afirmou uma professora.

G1 BA