Em ato com Ramagem no Rio, Bolsonaro diz que todos os seus aliados sofrem perseguição

Sem citar investigação da PF sobre uso da Abin para espionagem ilegal, ele afirmou que o atual deputado federal e ex-chefe da agência já começou a 'pagar preço alto pela ousadia de querer administrar uma cidade com respeito'.

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Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, foi considerado inelegível até 2030.Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, foi considerado inelegível até 2030. — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

Durante um ato na Zona Norte do Rio com o delegado federal Alexandre Ramagem, pré-candidato à prefeitura, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que todos os seus aliados sofrem perseguição. Sem citar a investigação da Polícia Federal que apura o uso da Agência Brasileira de Inteligência para espionagem ilegal, ele afirmou que o atual deputado federal, ex-chefe da Abin, já começou a ‘pagar um preço alto pela ousadia de querer administrar uma cidade com respeito’. Em discurso, Bolsonaro negou estar fazendo campanha, proibida até agosto pela Justiça Eleitoral. Ele disse que estava apenas ‘expondo o que pode ser feito pela cidade’.

Esta foi a primeira aparição dos dois juntos após a divulgação de uma gravação feita por Ramagem de uma reunião em agosto de 2020 na qual o ex-presidente e duas advogadas de seu filho, Flávio Bolsonaro, discutiam como juntar provas para livrar o senador das acusações da chamada “rachadinha”.

Nessa quarta-feira, Ramagem prestou depoimento à Polícia Federal por mais de 6 horas para se explicar sobre a chamada “Abin paralela”. O depoimento faz parte da operação Última Milha, que investiga o possível uso ilegal de sistemas da agência para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Jair Bolsonaro.

Segundo o jornal O Globo, o delegado e deputado federal respondeu a cerca de 130 perguntas, negando ter ordenado um suposto esquema de monitoramento ilegal e responsabilizando ex-servidores da agência.

Durante o depoimento, Ramagem atribuiu as atividades de espionagem irregular ao agente Marcelo Araújo Bormevet e ao militar Giancarlo Gomes Rodrigues, ambos cedidos para atuarem na Abin durante sua gestão. Em um relatório encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a PF destacou conversas entre Bormevet e Rodrigues sobre a confecção de dossiês contra autoridades.

Dois dos alvos desses dossiês foram o delegado Daniel Rosa, da Delegacia de Homicídios do Rio, e a promotora Simone Sibilio do Nascimento, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio. Eles lideravam as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco.

Ramagem, no entanto, alegou não ter conhecimento de nenhum tipo de monitoramento clandestino de figuras do Legislativo, do Judiciário, tampouco de jornalistas.

O delegado federal também foi questionado sobre o áudio gravado por ele onde discutiu-se a investigação envolvendo o senador Flávio Bolsonaro. À PF, o parlamentar disse que o áudio foi feito com a anuência do ex-presidente.

Em meio às investigações da Polícia Federal, Ramagem e Bolsonaro marcaram agendas públicas para tentar mobilizar apoiadores do ex-presidente. Depois desse ato, na Zona Norte, os dois estarão juntos na sexta-feira (19), em um encontro em Campo Grande, na Zona Oeste.

Ainda nesta quinta, Bolsonaro estava confirmado para caminhada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, às 17h, município onde apoia o pré-candidato à prefeitura Netinho Reis e afirmou que ele é uma nova liderança que surge à direita.

“Fico feliz porque novas lideranças vêm aparecendo por todo o Brasil. Como vocês conhecem, o Ricolas, o Zucco, o Sérgio, o Netinho aqui, Reis”, diz.

Fonte: CBN