Biden aprovou uso de armas dos EUA em ataques da Ucrânia dentro da Rússia, confirma secretário de Estado
Na quinta-feira (30), militares norte-americanos disseram à agência de notícias Reuters que os EUA haviam dado sinal verde para que Kiev atacasse a Rússia com armas norte-americanas. Antony Blinken confirmou a informação.
Forças ucranianas disparam foguetes perto da cidade de Lysychansk, no leste da Ucrania, em 12 de junho de 2022. — Foto: Gleb Garanich/ Reuters
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, confirmou nesta sexta-feira (31) que o presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a usar armas fornecidas pelo governo norte-americano em ataques dentro da Rússia.
Na quinta-feira, militares do alto escalão afirmou à agência de notícias Reuters, em condição de anonimato, que os EUA haviam dado o aval para esse uso. Em encontro de ministros da Otan em Praga, na República Tcheca, Bliken confirmou a notícia.
Ele disse que Biden deu o sinal verde após Kiev pedir autorização de Washington para atacar um alvo dentro da Rússia próximo à fronteira com Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia e onde tropas de Moscou fazem uma forte ofensiva nas últimas semanas.
Segundo Washington, o ataque ucraniano com armas norte-americanas seria uma tentativa de conter essa ofensiva em Kharkiv.
“Ao longo das últimas semanas, a Ucrânia pediu autorização para usar as armas que estamos fornecendo para se defender contra esta agressão, incluindo contra as forças russas que se concentram no lado russo da fronteira e depois atacam a Ucrânia, disse Blinken.
Blinken não informou se o ataque ucraniano já foi feito. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também não confirmou se essas armas já foram usadas em ataques ao país vizinho, mas disse nesta sexta que isso será “questão de tempo”.
“Eu acho que usar qualquer arma, qualquer uma do Ocidente, no território da Rússia, é uma questão de tempo”, declarou.]
Já o governo russo, também nesta sexta-feira, disse que já houve tentativa, por parte da Ucrânia, de atacar tropas dentro do território da Rússia, mas não confirmou se o ataque já foi feito.
“O que sabemos é que já existem tentativas de atacar o território russo com armas produzidas pelos Estados Unidos. Isto é suficiente para nós e diz muito sobre o grau em que os Estados Unidos estão envolvidos no conflito”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov,.
Antony Blinken afirmou que a autorização não significa que os EUA estejam entrando diretamente na guerra. “É uma defesa da Ucrânia. Autodefesa não é escalada”.
Kharkiv
Foco atual de uma nova ofensiva russa, a região de Kharkiv abriga a cidade de mesmo nome, a segunda maior da Ucrânia.
Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, é também um importante centro industrial e científico da Ucrânia, além de ter se tornado um dos símbolos da resistência na guerra.
As tropas da região foram as que mais resistiram a ataques russos ao longos dos mais de dois anos de guerra. Por isso, uma eventual vitória da Rússia na cidade pode também ter um peso simbólico e ser uma das importantes da guerra.
O avanço russo atual aconteceu por uma combinação de fatores planejados e não planejados dentro e fora da Rússia:
- Após perder milhares de soldados e artilharia e veículos de guerra no primeiro ano de guerra, a Rússia conseguiu reorganizar sua estrutura militar com o tempo e graças a manobras na economia que conseguiram bancar e manter os altos gastos na guerra;
- No cenário externo, a demora para a ajuda dos EUA, o principal financiador externo da Ucrânia, também favoreceu. Equipamentos e artilharias da Ucrânia foram se deteriorando e tornando as linhas de frente de Kiev mais frágeis e perenes.
Ajuda dos EUA
Em abril, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um pacote de ajuda para a Ucrânia de US$ 60,8 bilhões (cerca de R$ 318 bilhões). Embora bilionária, a ajuda demorou meses para sair, após forte resistência do Partido Republicano em liberar mais verbas para guerras fora do país.
Em uma postagem nas redes sociais na sexta-feira, Zelensky reclamou da demora e disse que “nem todos os nossos parceiros estão atualmente cumprindo os acordos em tempo hábil”, embora não tenha especificado quais.
FONTE; g1Globo